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das seis, mas a verdade era que aquele jovem e aquela moça não saíram da mente do Walcyr Carrasco. Eram bem de carne e osso.

 

       Como num enredo de teledramaturgia, antes de se casarem, os pombinhos passaram por algumas provações. Cleuber em Patrocínio. Conceição em Rio Branco, depois, em Uberaba. As cartas eram o carinho e o afago que a pele não sentia. Nas entrelinhas das folhas de caderno, o amor se solidificava. “Minha filha, porque você tinha que arrumar um homem lá do sul, com tanto homem aqui?”, questionava seu Osvaldo, pai da moça Conceição, que buscava uma justificativa para a filha ter se encantado pelo mineirinho. Até ganhar na loteria, um dinheirinho razoável para conhecer a terra natal da amada, Cleuber conseguiu. Era o destino arquitetando tudo para não deixar que a geografia findasse o amor.

 

       Depois de seis anos de muitas provações e algumas boas cifras de dinheiro deixadas nos Correios, o altar foi o caminho. Vindos de terras diferentes, porque não se casarem em outro lugar?  Escolheram Uberaba, local onde residia na época a noivinha acreana, junto com família de sua irmã. Cleuber, que tinha a timidez como companheira, vestia um terno claro, bem-cortado, buscando esconder o nervosismo da data. Conceição parecia flutuar no vestido branco de princesa da era medieval e trazia a doçura e delicadeza em forma de renda. Tinha sabor de amor a cerimônia. Tinha cheiro de romance. Tinha gosto de boca seca que vinha da emoção. Tinha vontade de ficar junto, e isso já é vontade mais que justa.

 

    Se a cerimônia fosse transmitida como cena na novela, seria aquele casamento mais esperado pelos telespectadores, como o dos mocinhos da trama. Aquele casamento que toma uns três capítulos, porque todos os detalhes são importantes. É a igreja enfeitada com flor e gente. É o padre engraçado que faz piadinha durante a cerimônia. É a noiva atrapalhada que, de tão nervosa, erra a mão em que irá ganhar a aliança. Tem também as cenas da festa, com alegria, comida, bebida e bolo especial. Tem convidado que arranca a gravata, tem a criançada que movimenta tudo com o corre-corre. Tem foto e filmagem em que a noiva domina com um largo sorriso e o noivo foge como o diabo da cruz.

 

      Como numa trama das novelas que passam na TV, o amor do Cleuber e da Conceição ficou grande e, de tão grande, já não cabia neles. Ele escapoliu para o mundo em forma de meninas. As dificuldades e alegrias, como na teledramaturgia, acompanham o casal na caminhada da vida, mas a vontade de ficar junto ainda é a mais justa e mais forte. Se o público acompanhasse diariamente a história de amor do Cleuber e da Conceição, com certeza, ela já teria aparecido várias vezes no “Vale a pena ver de novo”. O povo gosta mesmo é de amor. Amor de verdade.

 

      Pititinha perfeccionista que acredita que o sucesso só chega com muito esforço.  Namora há quase sete anos e quer se casar daqui uns oito anos. Ama organizar uma festa. De chá de bebê a aniversário de 100 anos tudo é uma diversão para ela. 

 

Minha história: O casamento dos meus pais

 

         Era 1981. Ele, um jovem rapaz, bom na arte de fazer conta, ajudava a cuidar do restaurante da família. Ela, moça sorridente, gostava de escrever pensamentos no caderninho e acompanhava a família da irmã que se mudava de cidade. Ele mineiro, da pequenina Cruzeiro da Fortaleza. Ela, ah ela... do Acre! Uma representante legítima do estado que muitos julgam ser quase uma lenda. Duas personalidades, dois jeitinhos separados por cinco mil quilômetros. Estaria instalado aqui o roteiro de uma bela novela 

Sabrina Tomaz

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